Participei de algumas discussões e trocas de conhecimentos e opiniões entre vários fisioterapeutas de grande importância para a fisioterapia atualmente no Brasil. Um tema recorrente destas discussões era a definição da fisioterapia, de sua atuação, seus valores e seu reconhecimento.
Este capítulo é um resumo destas discussões, acrescido de minha opinião sobre como eu vejo a fisioterapia forte e valorizada.
Vejo quatro pilares muito importantes na solidi cação da fisioterapia, que se atuarem em conjunto e em sincronia, poderão resultar em um fortalecimento de nossa profissão.
Muito deixada de lado nas últimas décadas e negligenciada por vários profissionais, que desacreditados e desgostosos com gestões passadas em conselhos, associações e sindicatos, a política é o caminho mais lógico para a estruturação e dignidade da nossa profissão. Venho acompanhando uma renovação em Minas Gerais tanto no Crefito, quanto na Associação Mineira dos Fisioterapeutas e quanto no Sin to/MG, e confesso estar esperançoso de bons ventos e mudanças. Este movimento não ocorre somente em Minas Gerais, mas em todo o Brasil. A política, então seria a arma para atingir nossas metas na profissão.
O ensino (faculdades, universidades e empresas de cursos) aliado a ciência, chamada de PBE (prática baseada em evidência) sempre teve e terá pela frente o desafio de demonstrar com clareza e evidências científicas onde e de que forma o fisioterapeuta pode atuar com resultados comprovados. Técnicas, procedimentos, protocolos são ferramentas que o fisioterapeuta deve usar em seu repertório de atendimento. Quanto mais forte for a relação entre as instituições de ensino com a PBE e com os fisioterapeutas, mais sério e reconhecido será o trabalho da fisioterapia. Ocorreu na última década um explosão de novas técnicas e procedimentos na fisioterapia, cada um querendo criar uma identidade própria, como se fosse única e isolada da profissão. Não me cabe questionar nenhuma técnica ou curso da moda (deixo para os colegas fazerem pesquisas e identificar a eficácia de cada uma). O que quero chamar a atenção aqui é que cada novidade que aparece é muito bem vinda, desde que seja comprovada cientificamente e que seja vista como mais uma ferramenta a ser usada pelo fisioterapeuta.
Fazendo um contraponto ao parágrafo anterior, essa explosão de cursos e técnicas novas obteve repercussão e adesão no nosso meio por um motivo simples: O mercado comprou a idéia! Moramos em um país capitalista e corremos atrás de nosso sustento e de uma vida de qualidade. A chegada de novos cursos e técnicas abriu um leque de opções na fisioterapia e permitiu que a fisioterapia evoluísse como negócio. Assim o fisioterapeuta conseguiu galgar melhores ganhos na profissão e ter um retorno mais apropriado em sua carreira.
Em resumo, crescemos de forma desordenada, impulsionados, na maioria, pelo fator econômico da profissão. Para termos, a longo prazo, uma profissão forte, com reconhecimento e retorno justo, a sincronia entre estes pilares é fundamental. Oferecer ao mercado procedimentos comprovados, baseados em pesquisa, com o respaldo de instituições de ensino, conselhos e demais órgãos políticos, pode ser o caminho para a valorização. O mercado consumidor é orientado pela opinião pública, que pode ser influenciada por estas instituições de referência em nossa profissão!
Como não podia faltar neste texto, a capacitação empreendedora do fisioterapeuta é fundamental neste processo. Desde o planejamento e ciente até ações de marketing para valorizar o que é bem feito, aproximará toda esta visão utópica (mas possível a longo prazo) da nossa realidade.
Ou seja: pesquisem, estudem, participem ativamente da política (ou pelo menos contribuam de alguma forma), seja compromissado com a ciência, seja empreendedor.
Sucesso e bons negócios!
Por: Bernardo Chalfun
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Federal de Minas Gerais, pós-graduado em Gestão de Negócios pelo IBMEC e mestre em Administração pela FEAD.
Comments